A primeira vista, apesar de um
punhado de terra parecer algo sólido, é necessário considerar que apenas cerca
de metade de seu volume é composta de resíduos sólidos (orgânicos
ou inorgânicos); a outra metade é constituída por poros preenchidos de água
ou ar. Geralmente, a maior parte do material sólido é constituída de
matéria mineral e apenas 5% do volume de matéria orgânica.
Apesar de
fazer parte de uma parcela do sistema solo, a água é um recurso natural é de vital importância para a
formação do solo, pois é um agente ativo na degradação das rochas e faz parte
da maioria das reações químicas responsáveis pelo processo de intemperismo,
além de atuarem em seu funcionamento ecológico.
O solo funciona como um
reservatório de água para as plantas (REICHARDT, 1988). Ele também é essencial para a sobrevivência
de outros organismos do solo. Sua presença é obrigatória em todas as reações de
metabolismo, além de especificamente funcionar como meio de transporte dos
nutrientes entre a planta e o solo. (MONIZ, 1972).
Comumente, o teor de água do solo é
chamado de umidade do solo, e no ponto de vista agrícola, dois conceitos são de
extrema importância, embora ainda sejam alvos de controvérsias na Física do
Solo, são eles: (1) Capacidade de Campo; e (2) Ponto de Murcha Permanente.
Capacidade de Campo
A primeira aproximação do conceito
de Capacidade de Campo foi introduzida em 1931 por Veihmeyer e Hendrickson. De
acordo com esses autores, a capacidade de campo é a quantidade de água retida
pelo solo depois que o excesso tenha drenado e a taxa de movimento descendente
tenha decrescido acentuadamente, o que geralmente ocorre dois a três dias depois
de uma chuva ou irrigação em solos permeáveis de estrutura e textura uniformes.
Tal conceito é impreciso e não leva
em conta uma série de fatores do solo responsáveis pela retenção e movimentação
da água (REICHARDT, 1975,1988). Fazendo com que sejamos induzidos ao erro, uma
vez que não é possível estimar o período de tempo que a água poderá ficar
retida no solo, além de não existir condições ideais para formação de um solo
com estrutura e textura uniformes.
Diante disso, muitos autores
trouxeram outros conceitos a fim de preencher as lacunas deixadas por Veihmeyer
e Hendrickson, de modo que fosse possível quantificar e qualificar a capacidade
de campo em campo para os mais diversos tipos de solo.
Tal como Hillel (1971), que
afirmava que os fatores que influenciam na Capacidade de Campo são: (1) o
histórico anterior da água no solo, devido a histerese; (2) textura e estrutura
do solo, que mudam de acordo com os horizontes e influenciam na retenção de
água; (3) o tipo de argila, se expansivas, maior será o teor de água
armazenado; (4) a matéria orgânica do solo, que ajuda a reter a água; (5) a
temperatura, pois influência na quantidade de água mantida na superfície do
solo; (6) o lençol freático, que pode gerar confusão nos resultados quando
próximo a superfície; (7) a profundidade de umedecimento; (8) a presença de
camadas coesas; e (9) a evapotranspiração.
Mesmo assim, o conceito de
Capacidade de Campo foi considerado obsoleto pelo Glossary of Soil Sciense
Terms até 1984, voltando a ter sua importância devido ao avanço das tecnologias
que permitam essa avaliação.
Mas o que de fato seria a
Capacidade de Campo, na prática?
Depois que uma chuva ou irrigação
cessam, solo se encontra saturado a água nos poros maiores irá drenar
verticalmente para a subsuperfície devido a força gravitacional. Quando o
movimento da água no solo diminuir e o teor da umidade do solo for tal qual que
a sua condutividade hidráulica se torne muito pequena, isto é, quando a água do
solo estiver em equilíbrio com o campo de força gravitacional, diz-se que o
solo está em condições de capacidade de campo.
O tempo que o solo leva para
atingir a capacidade de campo varia de acordo com a classe textural do solo,
sendo que um solo de textura arenosa leva um tempo menor em relação aos
argilosos.
A retenção da água em solos é
atribuída à força capilar ou tensão superficial. A tensão correspondente à
capacidade de campo é em torno de 1/10 atm ou 10 kPa em solos arenosos e de 1/3
atm ou 33 kPa em solos argilosos.
A importância de conhecer a
capacidade de campo é para aferir sobre parâmetro para a quantidade de água a
ser aplicada pelo sistema de irrigação.
Ponto de Murcha Permanente
No dia a dia, é muito comum notar
que ao fim da tarde, algumas plantas estão com as folhas murchas, mas durante a
noite elas recuperam a sua turgidez devido a quantidade alta de umidade, mas
quando isso não acontece, é necessário tomar cuidado, pois ela pode ter
alcançado o Ponto de Murcha Permanente.
O Ponto de Murcha Permanente
representa o teor de umidade no solo abaixo do qual a plana não conseguirá
retirar água na mesma intensidade com que ele transpira. Isso aumenta a cada
instante a deficiência de água na planta, o que a levará à morte, caso não seja
irrigada. PMP é, pois, o limite mínimo da água armazenada no solo que será
usada pelas plantas. (BERNARDO et al, 2009).
Este conceito é muito útil, mas o
valor do PMP varia de acordo com o tipo de solo e com as espécies vegetais,
pois a distribuição dos poros de modo que água esteja disponível, bem como a
capacidade da planta de extraí-la possuem limites diferentes.
A avaliação da umidade de
murchamento pode ser realizada, principalmente, por métodos físicos. Dentre os
físicos, o mais usado é o da membrada de pressão de Richards, conhecido também
como extrator de Richards, onde ela é comparada com umidade do solo retida sob
tensão de 15 atm ou 1500 kPa. (MONIZ, 1972).
Saber o PMP é importante para
conhecermos a umidade necessária que as diferentes culturas necessitam para
sobreviver, lembrando que quando a planta chega ao estado crítico, a reversão é
impossível.
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