6 de jan. de 2018

Análise dos conceitos de umidade de Capacidade de Campo e umidade de Ponto de Murcha Permanente

A primeira vista, apesar de um punhado de terra parecer algo sólido, é necessário considerar que apenas cerca de metade de seu volume é composta de resíduos sólidos (orgânicos ou inorgânicos); a outra metade é constituída por poros preenchidos de água ou ar. Geralmente, a maior parte do material sólido é constituída de matéria mineral e apenas 5% do volume de matéria orgânica.
Apesar de fazer parte de uma parcela do sistema solo, a água é um recurso natural é de vital importância para a formação do solo, pois é um agente ativo na degradação das rochas e faz parte da maioria das reações químicas responsáveis pelo processo de intemperismo, além de atuarem em seu funcionamento ecológico.
O solo funciona como um reservatório de água para as plantas (REICHARDT, 1988).  Ele também é essencial para a sobrevivência de outros organismos do solo. Sua presença é obrigatória em todas as reações de metabolismo, além de especificamente funcionar como meio de transporte dos nutrientes entre a planta e o solo. (MONIZ, 1972).
Comumente, o teor de água do solo é chamado de umidade do solo, e no ponto de vista agrícola, dois conceitos são de extrema importância, embora ainda sejam alvos de controvérsias na Física do Solo, são eles: (1) Capacidade de Campo; e (2) Ponto de Murcha Permanente.
Capacidade de Campo
A primeira aproximação do conceito de Capacidade de Campo foi introduzida em 1931 por Veihmeyer e Hendrickson. De acordo com esses autores, a capacidade de campo é a quantidade de água retida pelo solo depois que o excesso tenha drenado e a taxa de movimento descendente tenha decrescido acentuadamente, o que geralmente ocorre dois a três dias depois de uma chuva ou irrigação em solos permeáveis de estrutura e textura uniformes.
Tal conceito é impreciso e não leva em conta uma série de fatores do solo responsáveis pela retenção e movimentação da água (REICHARDT, 1975,1988). Fazendo com que sejamos induzidos ao erro, uma vez que não é possível estimar o período de tempo que a água poderá ficar retida no solo, além de não existir condições ideais para formação de um solo com estrutura e textura uniformes.
Diante disso, muitos autores trouxeram outros conceitos a fim de preencher as lacunas deixadas por Veihmeyer e Hendrickson, de modo que fosse possível quantificar e qualificar a capacidade de campo em campo para os mais diversos tipos de solo.
Tal como Hillel (1971), que afirmava que os fatores que influenciam na Capacidade de Campo são: (1) o histórico anterior da água no solo, devido a histerese; (2) textura e estrutura do solo, que mudam de acordo com os horizontes e influenciam na retenção de água; (3) o tipo de argila, se expansivas, maior será o teor de água armazenado; (4) a matéria orgânica do solo, que ajuda a reter a água; (5) a temperatura, pois influência na quantidade de água mantida na superfície do solo; (6) o lençol freático, que pode gerar confusão nos resultados quando próximo a superfície; (7) a profundidade de umedecimento; (8) a presença de camadas coesas; e (9) a evapotranspiração.
Mesmo assim, o conceito de Capacidade de Campo foi considerado obsoleto pelo Glossary of Soil Sciense Terms até 1984, voltando a ter sua importância devido ao avanço das tecnologias que permitam essa avaliação.
Mas o que de fato seria a Capacidade de Campo, na prática?
Depois que uma chuva ou irrigação cessam, solo se encontra saturado a água nos poros maiores irá drenar verticalmente para a subsuperfície devido a força gravitacional. Quando o movimento da água no solo diminuir e o teor da umidade do solo for tal qual que a sua condutividade hidráulica se torne muito pequena, isto é, quando a água do solo estiver em equilíbrio com o campo de força gravitacional, diz-se que o solo está em condições de capacidade de campo.
O tempo que o solo leva para atingir a capacidade de campo varia de acordo com a classe textural do solo, sendo que um solo de textura arenosa leva um tempo menor em relação aos argilosos.
A retenção da água em solos é atribuída à força capilar ou tensão superficial. A tensão correspondente à capacidade de campo é em torno de 1/10 atm ou 10 kPa em solos arenosos e de 1/3 atm ou 33 kPa em solos argilosos.
A importância de conhecer a capacidade de campo é para aferir sobre parâmetro para a quantidade de água a ser aplicada pelo sistema de irrigação.

Ponto de Murcha Permanente
No dia a dia, é muito comum notar que ao fim da tarde, algumas plantas estão com as folhas murchas, mas durante a noite elas recuperam a sua turgidez devido a quantidade alta de umidade, mas quando isso não acontece, é necessário tomar cuidado, pois ela pode ter alcançado o Ponto de Murcha Permanente.
O Ponto de Murcha Permanente representa o teor de umidade no solo abaixo do qual a plana não conseguirá retirar água na mesma intensidade com que ele transpira. Isso aumenta a cada instante a deficiência de água na planta, o que a levará à morte, caso não seja irrigada. PMP é, pois, o limite mínimo da água armazenada no solo que será usada pelas plantas. (BERNARDO et al, 2009).
Este conceito é muito útil, mas o valor do PMP varia de acordo com o tipo de solo e com as espécies vegetais, pois a distribuição dos poros de modo que água esteja disponível, bem como a capacidade da planta de extraí-la possuem limites diferentes.
A avaliação da umidade de murchamento pode ser realizada, principalmente, por métodos físicos. Dentre os físicos, o mais usado é o da membrada de pressão de Richards, conhecido também como extrator de Richards, onde ela é comparada com umidade do solo retida sob tensão de 15 atm ou 1500 kPa. (MONIZ, 1972).
Saber o PMP é importante para conhecermos a umidade necessária que as diferentes culturas necessitam para sobreviver, lembrando que quando a planta chega ao estado crítico, a reversão é impossível.

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