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22 de set. de 2020

O Cérebro Humano e a Discalculia

 


Aqui vou responder para vocês umas perguntas que me fizeram a respeito da DISCALCULIA. A primeira é como ela ocorre no cérebro; a segunda é se ela tem solução, se há "cura".

Existe uma área no cérebro especializada no desenvolvimento de habilidades aritméticas e no pensamento matemático, os lobos parietais.


Foi observado que o sulco intraparietal do lobo parietal é excitado durante a realização de quaisquer operações mentais associadas a quantidades e aritmética, e que lesões podem levar à perda seletiva dessas habilidades.

Além do sulco intraparietal, existem outras partes do cérebro, cujo trabalho coordenado é necessário para o desenvolvimento normal das habilidades matemáticas. Quando confrontado com novos tipos de tarefas, o córtex pré-frontal está ativamente envolvido, o que é responsável pela atividade mental consciente, atenção e memória de trabalho. Ao resolver tarefas familiares, o giro angular do lobo parietal esquerdo é ativado, o qual é responsável, em particular, por extrair fatos da memória de longo prazo. Compreender os símbolos - palavras e números que indicam o número - requer o trabalho ativo de algumas partes do lobo temporal, como o giro fusiforme. Além de números e palavras, o giro fusiforme também está envolvido na distinção de faces.

Em crianças que estão começando a aprender aritmética, o pensamento matemático é acompanhado por uma excitação mais forte do córtex pré-frontal (pensamento ativo e consciente); à medida que a aprendizagem avança, mais e mais trabalho é assumido pelos lobos parietais e giro fusiforme (as habilidades se tornam mais automáticas), mas sem o trabalho ativo do giro intraparietal, nenhum problema aritmético, simples ou complexo, pode ser resolvido em qualquer idade. Mesmo em um calculador experiente ao resolver um o problema mais simples do tipo 3 + 2, o centro do cérebro responsável por estimar as quantidades está invariavelmente excitado. Parece que o cérebro humano, mesmo bem treinado, não é capaz de lidar com operações aritméticas elementares sem ativar o conceito de significado quantitativo (magnitude) dos números.

Com base nesses dados, é lógico supor que a discalculia pode ser o resultado de algum tipo de deficiência (congênita ou adquirida) no trabalho do sulco intraparietal ou de outros componentes da "rede neural aritmética". Em crianças com discalculia, ao resolver problemas aritméticos, o sulco intraparietal funciona menos ativamente e o volume de massa cinzenta nesta parte do cérebro é menor que o de seus pares que não têm dificuldades com aritmética. Além disso, descobriu-se que, na discalculia, em média, as conexões neurais entre o giro fusiforme e os lobos parietais são menos desenvolvidas. Isso, obviamente, deve criar dificuldades na comparação dos símbolos que denotam números com seus valores.

 

Sabendo de tudo isso, o que podemos fazer diante de um filho ou um aluno com DISCALCULIA?

O tratamento é baseado em intervenção precoce, adaptação curricular e suporte psicopedagógico. Os pais, escola e os professores devem compreender a dificuldade do aluno e fazer modificações no conteúdo, visando facilitar a aprendizagem da matemática utilizando-se de materiais concretos para ensiná-la.


REFERÊNCIAS

Butterworth, B., Varma, S., & Laurillard, D. (2011). Dyscalculia: From Brain to Education. Science, 332 (6033), 1049

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