Por volta de 1100 a.C., após o declínio de
Creta, os comerciantes mais poderosos ao longo do Mediterrâneo foram os
fenícios. A Fenícia é a região que atualmente corresponde ao Líbano e ao norte
do Estado de Israel. Os fenícios nunca se uniram em um país. Em vez disso, eles
fundaram várias cidades-estados ricas em torno do Mediterrâneo que às vezes
competiam entre si. As primeiras cidades da Fenícia, como Biblos, Tiro e Sidon,
foram importantes centros comerciais.
Os fenícios eram notáveis construtores de
navios e marinheiros (chamados Povos do Mar). Eles foram os primeiros
mediterrâneos a se aventurarem além do Estreito de Gibraltar, navegando pelo
Oceano Atlântico, chegando na costa sul da Grã-Bretanha.
Existem algumas evidências de um feito
ainda mais notável: a circum-navegação fenícia da África. Segundo Heródoto, os
fenícios navegaram ao redor do continente africano pelo Mar Vermelho e de volta
pelo Estreito de Gibraltar. Essa viagem não se repetiu novamente por 2.000
anos.
Os fenícios partiram do mar Vermelho e
navegaram no mar do sul [o oceano Índico]; sempre que chegasse o outono, eles
plantariam e semeariam a terra, em qualquer parte da Líbia [África] em que
pudessem vir, e ali aguardariam a colheita; então, tendo colhido a safra,
partiram, de modo que passados dois anos, foi no terceiro
que contornaram os Pilares de Hércules
[Estreito de Gibraltar] e chegaram ao Egito. Lá eles disseram (o que alguns podem acreditar, embora eu
não) que, navegando ao redor
da Líbia, eles tinham o sol em
sua mão direita [na posição reversa].
HERODOTUS, em
História, Livro IV (Século V a.C.)
Economia e Política:
As cidades fenícias tinham idioma e hábitos
culturais semelhantes, mas não estavam unificadas em um único reino. Eram
cidades-Estado, ou seja, detinham autonomia política e administrativa. Eram
geralmente governadas por monarcas, em torno dos quais se encontravam uma elite
formada por duas principais categorias: comerciantes e armadores(comandantes da
marinha). Já as camadas populares eram artesãos, camponeses e escravos.
Entre os fatores que permitiram a expansão
marítima desse povo destaca-se seu grande conhecimento náutico. Os fenícios
conheciam as correntes
marítimas, o voo das aves marinhas, as
rotas de migração de várias espécies de peixes e os ventos de cada região. Com
essas informações, podiam afastar-se do litoral e atingir regiões longínquas,
assim os eles comercializavam vinho, armas, metais preciosos, marfim e
escravos. Eles também eram conhecidos como excelentes artesãos que trabalhavam
em madeira, metal, vidro e marfim.
Sua tintura vermelho-púrpura era produzida
a partir do murex, uma espécie de caracol que vivia nas águas de Sidon e Tiro.
Um caracol, quando deixado para apodrecer, produzia apenas uma ou duas gotas de
um líquido de cor vermelho-púrpura profundo.
Cerca de 60.000 caracóis foram necessários
para produzir um quilo de corante, que apenas a realeza poderia pagar.
As cidades-estados mais importantes dos
fenícios no Mediterrâneo oriental eram Sidon e Tiro, ambas conhecidas por sua
produção de tinta vermelho-púrpura, e Biblos, um centro comercial de papiro. Os
fenícios construíram colônias ao longo da costa norte da África e nas costas da
Sicília, Sardenha e Espanha. A maior colônia fenícia estava em Cartago, no
Norte da África. Colonos de Tiro fundaram Cartago por volta de 814 a.C.
O alfabeto Fenício:
Graças às relações comerciais mantidas com
outros povos, os fenícios passaram por um crescente processo de miscigenação
étnica e cultural, por meio do qual assimilaram aspectos culturais, artísticos
e religiosos dos habitantes de outras regiões, como os egípcios e habitantes
das ilhas gregas.
Como
comerciantes, os fenícios precisavam de uma forma de registrar as transações de
forma clara e rápida. Assim, os fenícios desenvolveram um sistema de escrita
que usava símbolos para representar os sons. O sistema fenício era fonético, ou
seja, um signo era usado para um som. Na verdade, a palavra alfabeto vem
diretamente das duas primeiras letras do alfabeto fenício: aleph e beth.
Os fenícios, que falavam uma língua
semítica, simplificaram sua escrita usando 22 símbolos diferentes para
representar os sons de sua fala. Esses 22 caracteres, ou letras, podem ser
usados para soletrar todas as palavras da língua fenícia.
Embora os fenícios não tenham sido os
únicos a inventar um alfabeto, o deles foi importante porque acabou sendo
transmitido aos gregos. Do alfabeto grego veio o alfabeto romano que ainda
usamos hoje.
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