6 de set. de 2020

História do Eletromagnetismo I (Primeiras observações)

 

As propriedades magnéticas de alguns minerais e as elétricas do âmbar esfregado são conhecidas desde a antiguidade: o âmbar é uma resina fóssil muito usada para a manufatura de objetos ornamentais e que os gregos usavam para seus experimentos e que chamavam de λέκτωρ (iléktor), quando estavam em Magnésia, uma cidade da Ásia Menor e comercializavam pedras magnéticas com os fenícios.

Esses materiais têm em comum a habilidade única de atrair outros corpos, de modo que suas propriedades elétricas ou magnéticas foram assimiladas à concepção mística dos antigos, que alimentaram as teorias de afinidade e atração à distância e a ideia de uma "virtude" (como era chamada por Aristóteles), sustentada por certas substâncias, que podia ser transferida para o outro por simples contato, como no mito do Rei Midas e da pedra filosofal.

Por sua vez, o conceito de campo vem de uma longa tradição que atribui propriedades dinâmicas ou energéticas ao espaço, como na ideia aristotélica de éter.

No entanto, o estudo do magnetismo tornou-se uma ciência apenas depois que a "virtude" magnética foi associada a um propósito prático, como a bússola, descoberta na China por volta do século primeiro a.C. e, talvez no século XII, viajou para o Ocidente de forma ainda desconhecida.

O primeiro estudo científico ocidental sobre magnetismo foi realizado por Pierre le Pélerin de Maricourt (Petrus Peregrinus), que, em sua "Epistola de magnete" (1269), dá instruções sobre como construir uma agulha magnética e descreve pela primeira vez as propriedades simples de ímãs, incluindo a lei de que polos opostos se atraem. Este estudo foi seguido, depois de um tempo considerável, por "The New Attractive" (1581), escrito pelo navegador e fabricante da bússola Robert Norman (1590), que descobriu a declinação magnética (no plano vertical) do magnetismo terrestre é associada à latitude, e por "De Magnete, Magnetisque Corporibus, et de Magno Magnete Tellure" (1600), escrito pelo médico William Gilbert (1544-1603).

Neste livro, Gilbert descreveu seus experimentos de corpos magnéticos e atração elétrica, distinguindo-a da magnética.

Na verdade, ele notou que um ímã não requer nenhum estímulo para mostrar seus efeitos, enquanto o cristal ou o âmbar precisam ser esfregados, isto é, fricção. Além disso, quando um ímã é quebrado em dois fragmentos, eles sempre retêm dois polos: na verdade, não é possível encontrar um fragmento com um único polo.

A partir de seus experimentos, ele derivou novos conceitos e princípios gerais, incluindo a ideia de que a Terra é um grande ímã e o fato de ser a mesma propriedade magnética de atração que mantém os planetas ligados ao seu padrão de movimento. Seu livro também se tornou um clássico da literatura científica por seu método de investigação: aliás, nele Gilbert defende a necessidade de verificar a tradição transmitida ao longo do tempo por meio da execução de experimentos apropriados e detalhados.

Seu trabalho foi apreciado por Galileu, que dedicou várias páginas a ele no terceiro dia do "Dialoghi", e abriu caminho para a teoria geral da gravitação de Newton. Gilbert abordou não apenas ímãs, mas também fenômenos elétricos. Ele descobriu que vários materiais, além do âmbar, podiam ser eletrificados por fricção e teorizou que isso causaria a emanação de certos "eflúvios" que, retornando ao corpo atritado, arrastariam ao longo dos corpos de luz circundantes. Além disso, ele inventou o primeiro instrumento elétrico, a agulha balanceada ou versório, e foi o primeiro a usar os termos "atração elétrica", "força elétrica" ​​e "polo magnético"

 

REFERÊNCIAS

GIUSFREDI, Giovanni. Physical Optics: Concepts, Optical Elements and Techniques. [S.L.]. Springer. 2019

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