As propriedades magnéticas de alguns minerais e as
elétricas do âmbar esfregado são conhecidas desde a antiguidade: o âmbar é uma
resina fóssil muito usada para a manufatura de objetos ornamentais e que os
gregos usavam para seus experimentos e que chamavam de ἠλέκτωρ (iléktor), quando estavam em Magnésia, uma cidade da
Ásia Menor e comercializavam pedras magnéticas com os fenícios.
Esses materiais têm em comum a habilidade única de
atrair outros corpos, de modo que suas propriedades elétricas ou magnéticas
foram assimiladas à concepção mística dos antigos, que alimentaram as teorias
de afinidade e atração à distância e a ideia de uma "virtude" (como
era chamada por Aristóteles), sustentada por certas substâncias, que podia ser
transferida para o outro por simples contato, como no mito do Rei Midas e da
pedra filosofal.
Por sua vez, o conceito de campo vem de uma longa
tradição que atribui propriedades dinâmicas ou energéticas ao espaço, como na
ideia aristotélica de éter.
No entanto, o estudo do magnetismo tornou-se uma
ciência apenas depois que a "virtude" magnética foi associada a um
propósito prático, como a bússola, descoberta na China por volta do século
primeiro a.C. e, talvez no século XII, viajou para o Ocidente de forma ainda
desconhecida.
O primeiro estudo científico ocidental sobre
magnetismo foi realizado por Pierre le Pélerin de Maricourt (Petrus
Peregrinus), que, em sua "Epistola de magnete" (1269), dá instruções
sobre como construir uma agulha magnética e descreve pela primeira vez as
propriedades simples de ímãs, incluindo a lei de que polos opostos se atraem.
Este estudo foi seguido, depois de um tempo considerável, por "The New
Attractive" (1581), escrito pelo navegador e fabricante da bússola
Robert Norman (1590), que descobriu a declinação magnética (no plano vertical)
do magnetismo terrestre é associada à latitude, e por "De Magnete,
Magnetisque Corporibus, et de Magno Magnete Tellure" (1600), escrito
pelo médico William Gilbert (1544-1603).
Neste livro, Gilbert descreveu seus experimentos de
corpos magnéticos e atração elétrica, distinguindo-a da magnética.
Na verdade, ele notou que um ímã não requer nenhum
estímulo para mostrar seus efeitos, enquanto o cristal ou o âmbar precisam ser
esfregados, isto é, fricção. Além disso, quando um ímã é quebrado em dois
fragmentos, eles sempre retêm dois polos: na verdade, não é possível encontrar
um fragmento com um único polo.
A partir de seus experimentos, ele derivou novos
conceitos e princípios gerais, incluindo a ideia de que a Terra é um grande ímã
e o fato de ser a mesma propriedade magnética de atração que mantém os planetas
ligados ao seu padrão de movimento. Seu livro também se tornou um clássico da
literatura científica por seu método de investigação: aliás, nele Gilbert
defende a necessidade de verificar a tradição transmitida ao longo do tempo por
meio da execução de experimentos apropriados e detalhados.
Seu trabalho foi apreciado por Galileu, que dedicou
várias páginas a ele no terceiro dia do "Dialoghi", e abriu caminho
para a teoria geral da gravitação de Newton. Gilbert abordou não apenas ímãs,
mas também fenômenos elétricos. Ele descobriu que vários materiais, além do
âmbar, podiam ser eletrificados por fricção e teorizou que isso causaria a
emanação de certos "eflúvios" que, retornando ao corpo atritado,
arrastariam ao longo dos corpos de luz circundantes. Além disso, ele inventou o
primeiro instrumento elétrico, a agulha balanceada ou versório, e foi o
primeiro a usar os termos "atração elétrica", "força elétrica"
e "polo
magnético"
REFERÊNCIAS
GIUSFREDI, Giovanni. Physical Optics: Concepts,
Optical Elements and Techniques. [S.L.]. Springer. 2019
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Muito Obrigado Pelo Comentário, Volte Sempre