Os
primeiros indícios do que hoje se pode caracterizar como as origens da educação
profissional surgem a partir de 1809, com a criação do Colégio das Fábricas,
por D. João VI, que na época era o Príncipe Regente do Reino Unido de Portugal
Brasil e Algarves.
Nessa
direção, ao longo do século XIX foram criadas várias instituições,
predominantemente no âmbito da sociedade civil, voltadas para o ensino das
primeiras letras e a iniciação em ofícios, cujos destinatários eram as crianças
pobres, os órfãos e os abandonados, dentre essas, os Asilos da Infância dos
Meninos Desvalidos. Segundo Manfredi,
Crianças e jovens em estado de mendicância eram encaminhados para essas
casas, onde recebiam instrução primária [...] e aprendiam alguns dos seguintes
ofícios: tipografia, encadernação, alfaiataria, tornearia, carpintaria,
sapataria etc. Concluída a aprendizagem, o artífice permanecia mais três anos
no asilo, trabalhando nas oficinas, com a dupla finalidade de pagar sua
aprendizagem e formar um pecúlio que lhe era entregue no final do triênio.
(Manfredi, 2002, p. 76-77).
Nessa
perspectiva, podemos dizer que a educação profissional no Brasil tem, portanto,
a sua origem dentro de uma perspectiva assistencialista com o objetivo de
“amparar os órfãos e os demais desvalidos da sorte”, ou seja, de atender
àqueles que não tinham condições sociais satisfatórias, para que não
continuassem a praticar ações que estavam na contraordem dos bons costumes.
Em
23 de setembro de 1909 por meio de um decreto o então Presidente Nilo Peçanha
cria 19 Escolas de Aprendizes Artífices, voltados para o ensino industrial, destinando suas vagas aos pobres
e humildes.
A
princípio não era interessante oferecer às classes mais pobres e humildes, escolas
que construíssem o saber voltado para a formação e construção do cidadão
critico, mas sim a formação do humano capacitado manualmente a exercer sua
função nas fábricas.
O
processo de industrialização e modernização das relações de produção do século
XX exigiu um posicionamento mais efetivo das camadas dirigentes com relação à
educação nacional. Como parte das respostas a essas demandas foram promulgados
diversos Decretos–Lei para normatizar a educação nacional. Este conjunto de
decretos ficou conhecido como as Leis Orgânicas da Educação Nacional – a
Reforma Capanema, em função do nome do então ministro da educação, Gustavo
Capanema. Os principais decretos foram os seguintes: Decreto nº. 4.244/42 – Lei
Orgânica do Ensino Secundário; Decreto nº. 4.073/42 – Lei Orgânica do Ensino
Industrial; Decreto nº. 6.141/43 – Lei Orgânica do Ensino Comercial; Decreto
nº. 8.529/46 – Lei Orgânica do Ensino Primário; Decreto nº. 8.530/46 – Lei Orgânica
do Ensino Normal e; Decreto nº. 9.613/46 – Lei Orgânica do Ensino Agrícola.
Além disso, o Decreto-Lei nº. 12 4.048/1942 – cria o Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI), que deu origem ao que hoje se conhece como
Sistema “S”.
Nos
anos de 1970 ocorre uma profunda transformação da educação básica promovida
pela Lei nº 5.692/71 – Lei de Reforma de Ensino de 1º e 2º graus no que diz
respeito ao ensino profissionalizante a principal mudança no sistema de ensino
foi o caráter de profissionalização obrigatória do ensino de 2º grau (atual
ensino médio). Teoricamente essa mudança surge no sentido de eliminar o caráter
da dualidade estrutural da educação ao tornar compulsória essa
profissionalização, porém a mesma não obteve êxito em seu propósito por
diversos motivos, entre eles os mais importantes é o fato que essa lei
restringiu-se ao âmbito da educação pública, uma vez que as escolas
particulares não seguiram essa lei, não oferecendo o ensino profissionalizante
em seus currículos. Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, ocorre
no Congresso Nacional o processo que culmina com a entrada em vigor de uma nova
Lei de Diretrizes e Bases LDB, a Lei nº 9.394/1996, já quase não há mais 2º
grau profissionalizante no país, exceto nas Escolas Técnicas e Agrotécnicas
Federais, e em poucos sistemas estaduais de ensino.
Atualmente
o Ensino Médio Integrado à Educação Profissional pode ser encontrado nos
Institutos Federais de Educação e nas Escolas Técnicas Estaduais, porém o
Ensino Profissionalizante é ofertado por muitas instituições de ensino
privadas, pelo Sistema S e que podem ser custeados pelo governo através do
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – PRONATEC.
REFERÊNCIA
BRASIL. Ministério da
Educação. Educação Profissional Técnica
de Nível Médio Integrado ao Ensino Médio. Documento Base, dezembro de 2007.
BRASIL. Ministério da
Educação e do Desporto. Parecer nº 16,
de 5 de outubro de 1999. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Profissional de Nível Técnico.
MANFREDI, S.M. Educação
Profissional no Brasil. São Paulo: Cortez, 2002.
MOURA, Dante Henrique. Educação Básica e Educação Profissional: dualidade histórica e
perspectivas de integração. Natal, 2007.
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