TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL ATUAL
O Brasil foi a última nação do mundo
ocidental a abolir o trabalho escravo de forma oficial, o que ocorreu no final
do século XIX. No entanto, em termos práticos, esse problema continua a existir
nos dias atuais. Informações recentes estimam a ocorrência de 200 mil
trabalhadores no país vivendo em regime de escravidão, segundo dados do Índice
de Escravidão Global, elaborado por Organizações Não Governamentais (ONGs)
ligadas à Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Primeiramente, é importante o
estabelecimento da definição do que seja considerado, propriamente, o regime de
escravidão. Segundo a OIT, é considerado escravo todo o regime de trabalho
degradante que prive o trabalhador de sua liberdade. Isso ocorre no Brasil, em
maior parte, em espaços rurais distantes de centros urbanizados e rotas de
transporte para fuga, onde os trabalhadores são geralmente coagidos a
continuarem laborando sob a alegação da existência de dívidas com fazendeiros.
Mas esse tipo de ocorrência nem sempre
ocorre dessa forma e também não é algo exclusivo do meio agrário. Em setembro
de 2013, por exemplo, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) denunciou a
existência de trabalhadores em regime de escravidão nas obras de ampliação do
Aeroporto de Guarulhos, no estado de São Paulo.
Em termos práticos, é possível afirmar
que o trabalho escravo nunca foi abolido totalmente no território nacional. No
entanto, apenas em 1995 o governo reconheceu oficialmente perante a OIT a
existência desse tipo de problema no país, embora este tenha sido um dos
primeiros no mundo a realizar esse tipo de pronunciamento. Atualmente, apesar
da grande quantidade de trabalhadores escravizados no país, o Brasil é
considerado internacionalmente um dos países mais avançados em esforços
governamentais e não governamentais para acabar com esse problema.
Não por coincidência, as manchas mais
escuras no mapa indicam um maior número de trabalhadores escravizados
resgatados nas zonas de expansão da fronteira agrícola do país, atingindo, em
maior parte, trechos das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Nessas zonas,
onde o processo de desmatamento ainda está em curso, não há a adoção de
técnicas agrícolas mais avançadas, além de apresentarem condições geográficas
que dificultam a fiscalização, como a floresta densa, isso sem falar nas
relações políticas de poder local.
O Brasil, segundo um ranking elaborado
pela Organização Não Governamental Walk
Free Foundation, ocupa a 94ª posição no mundo entre os países que,
proporcionalmente à sua população, mais possuem trabalhadores em regime de
escravidão. Apesar de as ações brasileiras serem consideradas exemplares
internacionalmente, o país ainda encontra dificuldades em avançar nessa
questão, pois esbarra em vários interesses, principalmente de latifundiários.
Um exemplo é o caso da Proposta de
Emenda Constitucional (PEC 57-A/1999) que pretende endurecer as leis sobre o
tema, a chamada PEC do Trabalho Escravo. Essa proposta tramita desde
1999 no legislativo e encontra dificuldade em sua aprovação, com recusas
pautadas em argumentos frágeis, como o de que o conceito de trabalho escravo no
Brasil não é bom, o que não é verdade segundo a maioria das entidades e ONGs
que atuam nesse assunto.
O problema, na verdade, é que essa PEC propõe questões que desagradam
profundamente muitos entre os grandes proprietários de terras, como o confisco
de propriedades onde o trabalho escravo foi flagrado e o seu destino para a
Reforma Agrária, sem indenização ao proprietário.
Apesar de o Brasil registrar recentes
avanços no combate à escravidão de forma definitiva, ainda há muitos problemas
que ainda precisam ser diagnosticados e erradicados, haja vista o grande número
de pessoas estimadas vivendo em condições sub-humanas de trabalho. O escravismo
é considerado internacionalmente uma violação grave aos direitos humanos, no
sentido de explorar e privar o ser humano do exercício de sua liberdade.
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