7 de jun. de 2016

RESUMO - Espaço, Um Conceito-Chave da Geografia (Roberto Lobato Corrêa)


CORRÊA, Roberto Lobato. Espaço: um conceito-chave da geografia. In: CASTRO, Iná Elias, GOMES, Paulo César da Costa, CORRÊA, Roberto Lobato (orgs.) Geografia: Conceitos e Temas. 5ª edição. Bertrand: Rio de Janeiro, 2003.

CAPÍTULO I - Espaço, um conceito-chave da geografia.
O primeiro capítulo intitulado: “Espaço, um conceito-chave da geografia” de autoria do geógrafo Roberto Lobato Correa, trata dos diferentes pontos de vista a cerca do conceito nas diferentes correntes do pensamento geográfico.
A noção de espaço é trabalhada por meio de sua representação em diversos momentos, principalmente quando é estimulado o estabelecimento de todos os tipos de relações espaciais entre as categorias de lugar, paisagem e território. Em alguns momentos, parte-se do espaço vivido e, em outros, do geral para o vivido, possibilitando uma compreensão de como diferentes espaços foram transformados, construídos e reconstruídos, com base em interesses e necessidades de diferentes sociedades.
Espaço e a Geografia Tradicional
As bases dos conceitos geográficos surgiram na Geografia Tradicional, privilegiando os de paisagem e região, assim gerando o debate sobre o objeto de estudos da geografia. Nesse debate incluíam conceitos de paisagem, região natural, região-paisagem, paisagem cultural, gênero de vida e diferenciação de áreas.
O conceito de espaço não possuía uma relevância nos debates da Geografia Tradicional, embora sendo trabalhados de modo implícito por Ratzel e Hartshorne.
Ratzel define espaço como base indispensável para vida do homem, encerrando as condições de trabalho, quer natural, quer aqueles socialmente produzidos. Como tal, o domínio do espaço transforma-se em elemento crucial na história do homem, sendo então vinculado ao conceito de Espaço Vital que expressa às necessidades territoriais de uma sociedade em função do seu desenvolvimento tecnológico, do total da população e dos recursos naturais.
O espaço para Hartshorne é o espaço absoluto, isto é, um conjunto de pontos que tem existência em si, sendo independente de qualquer coisa, ou seja, seria algo que independe das ações humanas, ele sempre existiu e sempre existirá.
Embora estes conceitos não contemplem integralmente as necessidades do estudo geográfico, ele pode ser relevante para algumas circunstâncias de determinadas práticas humanas.
Espaço e a Geografia Teorética-Quantitativa
A Geografia Teorética-Quantitativa iniciou pode ser compreendida como um momento de adequação dos estudos geográficos para torna-los mais científicos, baseadas no positivismo, defendendo a utilização da matemática e os modelos da teoria de sistemas.
Nesta corrente de pensamento os conceitos de lugar e território não são conceitos significativos, uma vez que eles dependem das relações sociais para se constituir.
O conceito de espaço nesta corrente do pensamento geográfico é considerado como uma planície isotrópica que é uma construção teórica que surge através da aplicação de um método de analise para sua representação e de sua representação matricial, através de gráficos e tabelas.
Espaço e a Geografia Crítica
Combatendo ao método de estudo das Geografias Tradicional e Teorética-Quantitativa, buscando uma revolução no pensamento geográfico surge então na década de 1970 a Geografia Crítica, fundamentada no materialismo histórico e na dialética.
Nesta corrente de pensamento o espaço é entendido como um espaço social, vivido, em estreita correlação com a prática social e não deve ser visto como um espaço absoluto, vazio e puro, representado somente através de números e proporções. Nesse sentido, os conceitos de sociedade e espaço são interdependentes.
A natureza e o significado do espaço são entendidos como fator social e não apenas como reflexão dele. Para analisar o espaço, Milton Santos (1985) sugere o uso das seguintes categorias no quadro a seguir:
QUADRO I – CATEGORIAS DE ANALISE DO ESPAÇO
FORMA
É o aspecto visível, exterior e perceptível ao observador de um objeto ou de um conjunto de objetos formando um padrão espacial.
FUNÇÃO
Resulta de uma tarefa, atividade ou papel a ser desempenhado pelo objeto ou conjunto de objetos em forma.
ESTRUTURA
Diz respeito à natureza social e econômica de uma sociedade em determinado momento histórico; é matriz social em que as formas e função são criadas e justificadas.
PROCESSO
É definido como uma ação que se realiza de modo contínuo, visando a resultados, que constantemente são reformulados pelas contradições internas de uma sociedade, ao longo do tempo.
FONTE: SANTOS (1985)
Essas categorias de analise do espaço são termos distintos e associados devem ser consideradas em suas relações dialéticas, que configuram o modo de como os indivíduos ou a sociedade percebem o seu espaço.
Espaço e a Geografia Humanista e Cultural
Em meados da década de 1970 a surge a Geografia Humanista e Cultural que se apresenta como mais uma crítica à Geografia lógico-positivista, calcada nas filosofias do significado como a fenomenologia e o existencialismo.
Nesta corrente do pensamento os conceitos de paisagem, região e território são bem apreciados e sua principal característica é a valorização da subjetividade do homem, levando em consideração a experiência vivida para o conceito de lugar.
O conceito de espaço é uma soma entre sentimentos espaciais e ideias de um povo a partir das experiências vividas; apresenta-se de várias maneiras a partir da experiência pessoal, grupal onde é vivida a experiência do outro, e o mítico-conceitual que, ainda que ligado à experiência, extrapola para além da evidencia sensorial e das necessidades imediatas e em direção a estruturas mais abstratas. (TUAN, 1979).
No contexto da Geografia Humanista e Cultural, o conceito de espaço está ligado à ideia de espaço vivido, vinculado à concepção da escola francesa, enraizado na tradição de La Blache, mas também na psicologia genética de Piaget, na sociologia e na psicanálise do espaço baseada em Bachelard e Rimbert. Segundo Holzier (1992) e Isnard (1982), o espaço vivido se refere ao afetivo, ao mágico, ao imaginário e também é um campo de representações simbólicas.
As práticas espaciais
Durante o processo de organização do espaço o Homem estabeleceu práticas espaciais que resultam da consciência que está ancorada em padrões culturais de cada tipo de sociedade e nas possibilidades técnicas disponíveis. Por outro lado, resultam também dos diversos projetos derivados de cada tipo de sociedade. 
O quadro a seguir apresenta as práticas sociais definidas por Corrêa (1992).
QUADRO II – AS PRÁTICAS ESPACIAIS
Seletividade Espacial
Ao organizar seu espaço, o homem age de maneira seletiva. Desse modo, determina o lugar segundo os atributos do mesmo, julgando-os a partir de seu interesse, desde que estejam em acordo com o projeto estabelecido.
FragmentaçãoRemembramento Espacial
Relaciona-se à dimensão política, que leva a diferentes formas de controle sobre o espaço. A divisão do espaço em porções territoriais "desmembradas", como a emancipação de municípios, por exemplo.
Antecipação Espacial
Representa uma prática definida pela inserção de uma atividade em determinado local antes que este apresente condições favoráveis a isto.
Marginalização 
Espacial
Dá-se quando o valor atribuído a determinado lugar sofre variações ao longo do tempo. Isto pode ocorrer a partir de questões de ordem econômica, política, cultural, entre outras.
Reprodução da região produtora
O processo de valorização produtiva do espaço está diretamente relacionado às condições de produção no mesmo. Dessa forma, se faz necessário que haja práticas localizadas especialmente para este local. Estas podem ser viabilizadas pelo Estado, e/ou pela iniciativa privada.
FONTE: CORRÊA (1992)
As práticas espaciais acima indicadas não são mutualmente excludentes: ao contrário, podem ocorrer combinadamente ou apresentam um caráter complementar.
PARA NÃO CONCLUIR
Diante de uma diversidade de conceitos para um mesmo objeto é necessário aceitar essa multidimensionalidade para que possa gerar um debate que possa construir diferentes conceitos de espaço.


7 comentários:

  1. Parabéns pelos textos! Ajuda muito. Uma sugestão é colocar a referência dos autores citados, é interessante para que possamos buscar os livros.

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  2. Ajudou muito esse resumo porque obteve um conhecimento melhor sobre o texto.

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  3. qual o tipo de resumo ? informativo, indicativo, ou descritivo ?

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  4. Parabéns pelo excelente resumo produzido, e por compartilhar conosco.

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