Aqui vou
responder para vocês umas perguntas que me fizeram a respeito da DISCALCULIA. A
primeira é como ela ocorre no cérebro; a segunda é se ela tem solução, se há
"cura".
Existe uma área no cérebro especializada no desenvolvimento de habilidades aritméticas e no pensamento matemático, os lobos parietais.
Foi observado
que o sulco intraparietal do lobo parietal é excitado durante a realização de
quaisquer operações mentais associadas a quantidades e aritmética, e que lesões
podem levar à perda seletiva dessas habilidades.
Além do sulco
intraparietal, existem outras partes do cérebro, cujo trabalho coordenado é
necessário para o desenvolvimento normal das habilidades matemáticas. Quando
confrontado com novos tipos de tarefas, o córtex pré-frontal está ativamente
envolvido, o que é responsável pela atividade mental consciente, atenção e
memória de trabalho. Ao resolver tarefas familiares, o giro angular do lobo
parietal esquerdo é ativado, o qual é responsável, em particular, por extrair
fatos da memória de longo prazo. Compreender os símbolos - palavras e números
que indicam o número - requer o trabalho ativo de algumas partes do lobo temporal,
como o giro fusiforme. Além de números e palavras, o giro fusiforme também está
envolvido na distinção de faces.
Em crianças que
estão começando a aprender aritmética, o pensamento matemático é acompanhado
por uma excitação mais forte do córtex pré-frontal (pensamento ativo e
consciente); à medida que a aprendizagem avança, mais e mais trabalho é
assumido pelos lobos parietais e giro fusiforme (as habilidades se tornam mais
automáticas), mas sem o trabalho ativo do giro intraparietal, nenhum problema
aritmético, simples ou complexo, pode ser resolvido em qualquer idade. Mesmo em
um calculador experiente ao resolver um o problema mais simples do tipo 3 + 2,
o centro do cérebro responsável por estimar as quantidades está invariavelmente
excitado. Parece que o cérebro humano, mesmo bem treinado, não é capaz de lidar
com operações aritméticas elementares sem ativar o conceito de significado
quantitativo (magnitude) dos números.
Com base nesses
dados, é lógico supor que a discalculia pode ser o resultado de algum tipo de
deficiência (congênita ou adquirida) no trabalho do sulco intraparietal ou de
outros componentes da "rede neural aritmética". Em crianças com
discalculia, ao resolver problemas aritméticos, o sulco intraparietal funciona
menos ativamente e o volume de massa cinzenta nesta parte do cérebro é menor
que o de seus pares que não têm dificuldades com aritmética. Além disso,
descobriu-se que, na discalculia, em média, as conexões neurais entre o giro
fusiforme e os lobos parietais são menos desenvolvidas. Isso, obviamente, deve
criar dificuldades na comparação dos símbolos que denotam números com seus
valores.
Sabendo de tudo
isso, o que podemos fazer diante de um filho ou um aluno com DISCALCULIA?
O tratamento é
baseado em intervenção precoce, adaptação curricular e suporte psicopedagógico.
Os pais, escola e os professores devem compreender a dificuldade do aluno e
fazer modificações no conteúdo, visando facilitar a aprendizagem da matemática
utilizando-se de materiais concretos para ensiná-la.
REFERÊNCIAS
Butterworth, B., Varma, S., & Laurillard, D. (2011). Dyscalculia: From Brain to Education. Science, 332 (6033), 1049
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