Cartaz de 1888, do acervo do Arquivo Nacional, comemorativo a Abolição da Escravidão no Brasil. |
O
Exército Brasileiro marcou de vez a sua
entrada na política com a fundação do
Clube Militar do Rio de Janeiro, presidido por Deodoro da Fonseca, que, em
outubro de 1887, enviou uma petição à princesa Isabel (então na regência do
trono), solicitando que os militares não mais fossem recrutados para caçar
escravos fugidos; diante da recusa da regente, o Exército assim mesmo decidiu
não mais capturar tais fugitivos, alegando ser esta atividade uma imoralidade que
denegria a imagem e a dignidade da instituição militar. Com isto, o Governo e
os proprietários escravistas ficaram desguarnecidos para enfrentar a ação dos
abolicionistas e dos escravos rebeldes, pois a Guarda Nacional estava
praticamente desmobilizada e as forças policiais eram pequenas demais para
conter a desordem geral.
Diante
de tantas pressões e da situação caótica, a Coroa também decidiu fazer a sua
parte. O primeiro passo foi demitir, em 10 de março de 1888, o gabinete do
barão de Cotegipe, um conservador mais identificado com o escravismo,
substituindo-o pelo de João Alfredo de Oliveira, também conservador, mas
favorável à Abolição. Este, em 3 de maio, apresentou à Assembleia Geral um
projeto que propunha a Abolição imediata, mediante indenização, e na condição
de permanecerem os libertos trabalhando até a passagem da safra e de se fixarem
por seis anos no município em que estivessem estabelecidos. A bancada
abolicionista, que a esta altura já constituía ampla maioria, não estava,
entretanto, disposta a aceitar condições, e o momento não era propenso a
maiores delongas. Um novo projeto de lei foi, então, encaminhado ao Parlamento
no dia 7 de maio; composto de apenas dois artigos, o primeiro declarava extinta
a escravidão no Brasil e o segundo revogava as disposições em contrário. Tão
crítica era a situação que só nove deputados (oito dos quais, da província
fluminense) e seis senadores votaram contra a proposta. Assim, em 13 de maio, o
projeto transformou-se na Lei Áurea, assinada pela regente Isabel, libertando
cerca de setecentos mil escravos.
A
Abolição foi recebida com festas nas ruas e nas senzalas de todo o país, mas
ex-proprietários de escravos, principalmente os cafeicultores do Vale do
Paraíba fluminense se viram arruinados muito rapidamente, ao passo que a maior
parte dos cafeicultores do Oeste Paulista, mais dinâmicos, foram pouco
afetados, visto já terem antes se desfeito de suas escravarias, substituindo-as
por imigrantes europeus.
Com
a Lei Áurea, o Governo imperial perdeu mais um de seus principais
sustentáculos: os fazendeiros escravistas, sobretudo do Rio de Janeiro.
Irritados
com a Abolição e ainda mais com a maneira como foi feita, sem indenização ou
qualquer outra medida compensatória, passaram, em grande parte, a se
desinteressar pelo destino da Monarquia, quando não a engrossar as fileiras da
oposição ao regime, aderindo ao movimento republicano; eram os republicanos do
14 de maio ou republicanos de última hora, como os chamou José do Patrocínio.
ALGUMAS
REFERÊNCIAS
HOLANDA,
S. B. de (Org.). História geral da civilização brasileira. São Paulo: Difel,
1985-1997. 11 v.
LINHARES,
M. Y. L. (Org.). História geral do Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 1990
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